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Quantas autoras negras têm na sua estante?

É bizarro que em 2021 eu esteja escrevendo um texto como esse, incentivando a leitura de autoras negras. O certo, certo, meeesmo, seria nem precisar citar se uma escritora é negra ou branca. Mas ainda precisamos exaltar este tipo de informação porque mulheres ainda são minorias nas prateleiras. Mulher e negra então, mais raras ainda.  Por isso a gente tem que falar, compartilhar, indicar e apoiar, para que as chamadas “minorias” recebam o reconhecimento que merecem e deixem de ser minorias.  Quanto mais voz damos para as pessoas que não estão no padrão homem-hetero-branco-rico, mais representatividade e diversidade teremos.  Afinal, todo mundo quer se reconhecer em um texto, em um livro, ou se identificar com um personagem de uma série, novela, ou filme, não é verdade? Diversificar nosso consumo de conteúdo é uma forma de sairmos das chamadas “bolhas”, onde todo mundo se parece com a gente e pensa da mesma forma.  Ganhamos muito quando conseguimos ver a vida sob a ótica de alguém que veio de um contexto diferente do nosso. ♡ Com vocês, …

Beauty Sick Renee Engeln

Beauty Sick: livro mostra como “doença da beleza” afeta mulheres

Renee Engeln estava dando aula para uma classe cheia de meninas quando notou que elas andavam excessivamente preocupadas com a aparência – o peso, a pele, o cabelo, a roupa, a pose certa na hora de tirar foto. Ela teve um insight e foi falar com a sua orientadora. Queria estudar mais de perto o que chamou de “doença da beleza”. Ela queria explorar o porquê dessas meninas estarem tão ocupadas com a própria imagem.  E foi assim que a professora e Ph.D em Psicologia mergulhou nesse tema e, há mais de 15 anos, lidera o Body & Media Lab, na Northwestern University. É neste laboratório que, junto a um grupo de pesquisadores e psicólogos, ela estuda os fatores que impactam a imagem corporal das mulheres.  Os estudos e aprendizados que ela coletou por lá ao longo destes anos viraram um livro, Beauty Sick, publicado em 2017.  A ciência por trás da beleza Escolhi trazer a referência da Renee Engeln como dica de leitura hoje porque, na semana passada, a Naomi Wolf, autora de O …

O Mito da Beleza: uma carta ao futuro, escrita há 30 anos

Acho que não tenho nem roupa para escrever sobre o livro O Mito da Beleza, esse clássico escrito por Naomi Wolf em 1991, ou seja, há exatos 30 anos. Eu já tinha ouvido falar muito sobre ele, mas só fui ler de cabo a rabo em 2019, quando foi lançada uma nova edição pelo selo Rosa dos Tempos, da editora Record.  Estava de férias no Brasil, na casa da minha mãe, e andava com ele pra tudo quanto é canto. Enchi suas páginas de marcações. Volta e meia, tiro ele da estante pra ler alguma frase, aleatoriamente, e confirmo: esse texto está mais atual do que nunca.  Clássicos não se tornam clássicos à toa. Além de amplo embasamento, é preciso muita sensibilidade, timing e até uma certa dose de intuição para captar incômodos universais e traduzi-los em palavras. Vale lembrar que Naomi escreveu o livro quando tinha apenas 26 anos. (vráaaa!) 90’s vibes Na década de 90, quando O Mito da Beleza foi lançado, o ideal “dona-de-casa recatada e do lar” já havia ficado pra …

A gordura é uma questão feminista

“Você emagreceu”?, perguntou o porteiro do meu prédio quando nos encontramos no elevador. Incrível como apenas duas palavrinhas são capazes de acender um sorriso no meu rosto e mudar imediatamente o meu humor. Trocamos mais duas ou três frases, nos despedimos, e subi, bem contente. Mas refletindo. É, eu perdi alguns quilinhos. Mas por que raios ainda fico tão feliz em ouvir que estou magra? Mesmo sendo uma discípula de Naomi Wolf; mesmo depois de ter corrido com os lobos… (risos). Depois de ter devorado tanto conteúdo a respeito dessa nossa “devoção” cega ao corpo. Por quê? Uau, magra! Linda! Quando eu trabalhava em redação, questões sobre dietas da moda e privações alimentares eram obrigatórias em entrevistas com as famosas. Fiz incontáveis matérias desse tipo. Entre elas, diversas pautas com Adriane Galisteu.  Lembro que ela sempre falava do quanto gostava de ouvir que estava magra. “Todo mundo fala que é gostoso sair na rua e ouvir as pessoas dizerem que você está linda, e eu falo, vocês não sabem o prazer que dá ouvir ‘como …

Roxane Gay - Livro "Fome"

Fome: este livro pode fazer você repensar o conceito da palavra “gorda”

Li que a Cleo Pires estava sofrendo críticas por ter engordado. A minha primeira reação, confesso, foi visitar o perfil da atriz no Instagram pra ver se a informação procedia. É feio admitir, mas acho que dá uma espécie de alívio saber que até as famosas engordam. É reconfortante saber que oscilar o peso é algo NORMAL, e não um crime, um pecado, ou sinônimo de desleixo.   Pessoas que trabalham com a própria imagem, como a Cleo, geralmente têm uma “infra” para manter a alimentação, o treino, o cabelo e a pele em dia. Coisa que nós, meras mortais, não conseguimos acompanhar. Acho que até por isso sejam mais cobradas – embora eu acredite que ninguém deveria se sentir no direito de julgar.   Notei que ela realmente parecia um pouco maior nas fotos…mas, ainda assim, longe de estar gorda. O que me chamou atenção, no entanto, foi um texto de desabafo que ela escreveu, no qual compartilhava com seus seguidores que sofre, há anos, de transtornos alimentares.  Isso significa que muitos dos likes e comentários …

Mulheres, comida e Deus, Geneen Roth

Come por ansiedade, tristeza ou cansaço? Tenho uma dica de livro pra você

Hoje em dia o assunto “comer emocional” está em alta: existem várias nutricionistas e psicólogos explorando cada vez mais esse assunto. E essa é uma ótima notícia! Até pouco tempo atrás, achávamos que engordar só tinha a ver com com a quantidade de comida que mandávamos para dentro, e com o quanto queimávamos na academia. Felizmente estamos cada vez mais conscientes de que a conta não é tão simples assim, e que a forma como comemos tem muito a ver com o nosso estado emocional. Quando a escritora  Geneen Roth escreveu o livro Mulheres, Comida & Deus (Women Food and God), há quase dez anos atrás, esse tipo de assunto não estava tão em pauta e ela realmente foi uma das pioneiras a falar sobre o impacto que os nossos sentimentos têm nas nossas escolhas alimentares. Nele, ela fala bastante da necessidade, cada vez mais frequente, de comer para preencher vazios internos. O quanto às vezes comemos sem pensar, sem nem sentir o gosto, sem sentir prazer, porque estamos com alguma questão interna mal-resolvida? Não …

Livro Eu

“Eu <3 Comida" é dica de livro para os apaixonados pelo ato de comer

Costumo dizer que gosto mais de comer do que de cozinhar. Acho que isso fica bem claro aqui no Marmiteira: as receitas que posto são as que testei em casa e que achei rápido, prático, saudável e gostoso!  E quando a gente tem apreço pela hora do rango, é normal ficar sempre pesquisando uma receita nova, lotar o Pinterest com fotos de comida (quem nunca? Eu sempre!), querer descobrir que raio de ingrediente diferente tem em um prato que você comeu em um restaurante, querer conhecer a origem da comida. Isso tudo é coisa de quem gosta muito de comida. Por isso hoje eu vou dar uma dica para você, amigo que gosdicumê! É o livro Eu ❤ Comida – 50 Histórias de Brasileiros que Amam Saborear a Vida. O livro traz depoimentos incríveis de pessoas que têm uma relação especial com comida, passando por temas super atuais como a diversidade dos ingredientes brasileiros, agricultura orgânica, Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC’s), hortas, alimentação viva, alimentação em família, entre outros. Claro que também tem texto sobre alimentação saudável e …

‘Regras da Comida’: parece complexo, mas na real não tem muito segredo

A nutrição está na moda – você tem dúvida? Pra mim, isso é motivo de comemoração: acho que a alimentação é algo tão importante e primitivo nas nossas vidas que, quanto mais se discutir, conhecer e evoluir, melhor. Mas o que eu tenho notado é que tudo é muito extremo nessa área: existem os obcecados por calorias, os zero-glúten-zero-lactose, os Wheys-Proteins frango com batata doce, os que demonizam a gordura ou o açúcar. Claro que as restrições existem e quanto a isso não há discussão. Mas para quem não tem nenhum tipo de intolerância e precisa se alimentar bem, como fica? No meio deste mar de informação, a gente fica perdido. Afinal, o ovo faz bem ou faz mal pra saúde? E o glúten, preciso tirar mesmo? Chocolate: qual é a dose diária “permitida? E o que dizer do pãozinho branco, este pequeno demoniozinho que fica nos atentando? Felizmente, muitos profissionais têm se dedicado a desmistificar algumas coisas impostas pela indústria da alimentação e simplificar o óbvio para nós, mortais – para comer bem, basicamente é só …