Author: danibarg

redes sociais e saúde mental: tá todo mundo fingindo felicidade no Instagram?

Redes sociais e saúde mental: tá todo mundo fingindo que tá bem?

Hoje eu li uma matéria muito interessante na The Atlantic sobre a saúde mental das adolescentes americanas. Segundo uma pesquisa, o sentimento de tristeza e falta de esperança passou de 36% para 57% nos últimos dez anos, com uma piora expressiva durante a pandemia.  Ironicamente, foi “graças” ao período de confinamento que o tema saúde mental passou a ser tratado com mais seriedade, com a ampliação de serviços, informações e conscientização nessa área.  As redes sociais frequentemente são apontadas como grandes gatilhos da ansiedade e depressão. Em parte, porque elas nos isolam do contato presencial. Ao mesmo tempo, elas nos expõem ao pior do ser humano, segundo essa mesma matéria:  ” In life, treating minor problems as catastrophes is a straight path to misery—but online, the most catastrophic headlines get the most attention. In life, nurturing anger produces conflict with friends and family; online, it’s an excellent way to build an audience. (Na vida, tratar problemas menores como catástrofes é um caminho direto para a miséria – mas online, as manchetes mais catastróficas recebem mais …

Escreva o livro que você gostaria de ler

As mulheres estão insatisfeitas diante do espelho. É a celulite, a barriga que está muito flácida, a pele, o cabelo. Parece que não somos suficientes diante da “perfeição” das redes sociais. Eu também estive (e às vezes, ainda estou) insatisfeita com a minha imagem. É aquela coisa: quando você consegue emagrecer os tais dos dois quilinhos que estavam sobrando, logo caça outra “imperfeição” para encarar diante do espelho. Mas de onde vem essa insatisfação? Quem nos fez acreditar que há algo de errado com nosso corpo? Por que nunca está bom? Eu fiz essas perguntas a mim mesma por muitos anos, mesmo sendo uma mulher que se encaixa no padrão de beleza atual. Li muitos livros a respeito destes temas, vi documentários, filmes, palestras; ouvi podcasts. Uma coisa que eu notava em comum em todos esses conteúdos é que as raizes da pressão estética sofrida pela mulher já estão muito bem estudadas e fundamentadas. Mas ainda pouco se fala das consequências e, sobretudo, sobre o que a gente pode fazer pra tentar ressignificar a nossa …

“Fake famous” desmascara a cultura dos “likes”

“Stop making stupid people famous“. A frase, que em tradução literal significa: “Pare de fazer pessoas estúpidas famosas”, nunca esteve tão atual. Todo dia vemos alguém, com milhares de seguidores, falando algo de forma irresponsável na Internet.  A fórmula é sempre a mesma: a pessoa posta algo polêmico que choca/desagrada um monte de gente. Daí, ela faz um vídeo dizendo que sua fala foi “mal-interpretada” ou “tirada de contexto”. Passa uma semana, um mês talvez…e o ciclo se repete. E assim ela se mantém em evidência, às vezes até ganhando mais seguidores. A cultura dos likes está bagunçando a nossa percepção das coisas. Ainda acreditamos que o número de curtidas e de seguidores é sinônimo de credibilidade.  Por isso hoje eu vim para indicar um documentário que mostra um pouco sobre como é relativamente “fácil” fazer alguém ficar famoso na Internet. Fake Famous, da HBO, desmistifica um pouco essa questão, a partir de um experimento feito pelo jornalista Nick Bilton.  Ele recrutou três anônimos e embarcou em uma jornada para transformá-los em influencers super bombados. …

Desperdício de alimentos: uma verdade indigesta

O Brasil enfrenta uma enorme crise de insegurança alimentar e muita gente se viu forçada a mudar seus hábitos por questões econômicas. A pandemia piorou muito este quadro, por conta do cenário econômico, e é triste pensar que tanta gente não sabe se vai conseguir garantir uma única refeição ao longo do dia. São 19 milhões de brasileiros lidando com a fome atualmente. Ao mesmo tempo, estamos jogando muita comida fora. O Índice de Desperdício de Alimentos 2021 da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado no último mês de março, indica que em 2019 foram desperdiçados cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos, o que corresponde a 17% do que estava disponível para consumo.  É claro que não somos os únicos culpados, esse índice também inclui restaurantes, comércio varejista e outros serviços alimentares. Mas o que cada um faz individualmente na sua casinha também conta – e muito. E eu imagino que muita gente nem se dá conta do impacto que suas escolhas individuais têm no todo.  É compreensível: não existe uma conscientização muito …

o que é ser velho?

O que é “ser velho”?

Semana passada começou a rolar uma thread no Twitter que evidenciava um conflito de gerações: aparentemente, pagar boleto, ser fã de “Friends” e gostar de cerveja litrão seriam “coisas de velho”. Eu me divirto com esses embates que tomam conta das redes sociais, e, nesse caso específico, me identifiquei 200% com os hábitos típicos da geração Millenium, ou seja, pessoas nascidas entre 1981 e 1996.   Me fez refletir sobre o que eu considero “ser velho”. Depois de muito conversar com meu marido sobre o tema (sim, threads e memes do Twitter geram boas e profundas discussões aqui em casa), concluí que só fica velho quem desiste da vida, quem acha que é tarde para fazer determinadas coisas.  Não ignoro o fato de que a idade traz algumas limitações físicas – mas acredito que até isso a gente consegue contornar a partir de hábitos saudáveis ao longo da vida.  Mas me refiro ao brilho no olhar que a gente tem quando se apaixona por algo novo. A partir do momento que não tem mais isso, envelheceu, …

projeto dove autoestima

Hello, beautiful

Quando eu trabalhava em redação, cobria muita pauta de moda e beleza. Frequentemente, quando estava diante de modelos, atrizes e cantoras belíssimas, eu sentia como se elas tivessem passado pelo Photoshop antes do evento: pele, make e cabelos impecáveis; roupas nos cortes e tons corretos; corpos esguios; músculos definidos. Nenhum sinal de excesso de gordura, nenhuma mancha, nenhuma celulite aparente. Nas raras vezes que eu conseguia ir ao banheiro para fazer um xixi, e esbarrava comigo mesma no espelho, era sempre um choque: “caramba! Acho que eu devia ter me arrumado um pouquinho mais” – era o que eu pensava invariavelmente.  Evidentemente, quando eu saía correndo para uma pauta, eu não estava lá muito preocupada com meu cabelo (que provavelmente estava preso por uma caneta em um coque, pra não cair na minha cara e me atrapalhar) ou com as minhas roupas (procurava usar peças mais confortáveis e tênis ou sapato baixinho, para aguentar longas jornadas de pé). Não tinha cabimento algum eu comparar a minha imagem – de uma mulher comum – com a …

Quantas autoras negras têm na sua estante?

É bizarro que em 2021 eu esteja escrevendo um texto como esse, incentivando a leitura de autoras negras. O certo, certo, meeesmo, seria nem precisar citar se uma escritora é negra ou branca. Mas ainda precisamos exaltar este tipo de informação porque mulheres ainda são minorias nas prateleiras. Mulher e negra então, mais raras ainda.  Por isso a gente tem que falar, compartilhar, indicar e apoiar, para que as chamadas “minorias” recebam o reconhecimento que merecem e deixem de ser minorias.  Quanto mais voz damos para as pessoas que não estão no padrão homem-hetero-branco-rico, mais representatividade e diversidade teremos.  Afinal, todo mundo quer se reconhecer em um texto, em um livro, ou se identificar com um personagem de uma série, novela, ou filme, não é verdade? Diversificar nosso consumo de conteúdo é uma forma de sairmos das chamadas “bolhas”, onde todo mundo se parece com a gente e pensa da mesma forma.  Ganhamos muito quando conseguimos ver a vida sob a ótica de alguém que veio de um contexto diferente do nosso. ♡ Com vocês, …

documentario-sandy-e-junior-a-historia

Eu acho que pirei

A quarentena fez minha saudade do Brasil quadruplicar e um dos “presentes” que eu me dei foi uma assinatura do Globoplay. Eu evitava assinar por medo de me apegar às novelas e passar muito tempo ouvindo o idioma português (aconteceu).  Amo minha língua, mas me forço a treinar o inglês na maior parte do meu tempo, para que eu fique cada vez melhor. Coisa de gente nerdinha e perfeccionista.  Um belo dia, caí no documentário que conta a história da dupla Sandy & Júnior. Nunca fui fã assumida, mas gosto muito de saber a história das pessoas e esta série é praticamente uma biografia da trajetória profissional dos dois. Mal pisquei, terminei. Nem vi o tempo passar. Fiquei fascinada com o profissionalismo daquelas crianças, com a seriedade, com a lucidez de não se comportarem em nenhum momento como dois deslumbrados escrotos – como tanta gente com bem menos fama acaba se transformando. Bom, independente do seu gosto musical, é preciso admitir: o sucesso destes dois não foi uma alucinação coletiva; foi algo bem real. Turu …

Escritora feminista Gloria Steinem faz 87 anos

Viva Gloria Steinem! Saiba mais sobre este grande ícone

Eu não conhecia Gloria Steinem até vir morar nos Estados Unidos. Não sei dizer exatamente quando foi a primeira vez que ouvi falar dela, mas assim que comecei a estudar sua trajetória, senti que tinha encontrado uma verdadeira musa inspiradora.  Confesso que fiquei me perguntando:  “onde é que eu estava que não conhecia esse ÍCONE?”. Tratei logo de correr atrás do tempo perdido e me inteirar sobre o que essa jornalista, escritora, ativista política e organizadora feminista fez e continua fazendo em sua constante busca pela igualdade e pelos direitos das mulheres.  É um pouco difícil escrever sobre alguém que a gente admira tanto. Mas hoje ela comemora 87 anos e eu tive vontade de reunir alguns fatos, para que, dessa forma, outras mulheres também se sintam inspiradas por ela. ♡ Seria impossível em um só texto falar sobre todos os seus feitos, então escolhi alguns dos aspectos da sua biografia que eu considero mais fascinantes.  Raízes  Gloria teve uma infância atípica. Sua mãe também foi jornalista, mas desistiu da profissão. Tinha um sério problema …

Beauty Sick Renee Engeln

Beauty Sick: livro mostra como “doença da beleza” afeta mulheres

Renee Engeln estava dando aula para uma classe cheia de meninas quando notou que elas andavam excessivamente preocupadas com a aparência – o peso, a pele, o cabelo, a roupa, a pose certa na hora de tirar foto. Ela teve um insight e foi falar com a sua orientadora. Queria estudar mais de perto o que chamou de “doença da beleza”. Ela queria explorar o porquê dessas meninas estarem tão ocupadas com a própria imagem.  E foi assim que a professora e Ph.D em Psicologia mergulhou nesse tema e, há mais de 15 anos, lidera o Body & Media Lab, na Northwestern University. É neste laboratório que, junto a um grupo de pesquisadores e psicólogos, ela estuda os fatores que impactam a imagem corporal das mulheres.  Os estudos e aprendizados que ela coletou por lá ao longo destes anos viraram um livro, Beauty Sick, publicado em 2017.  A ciência por trás da beleza Escolhi trazer a referência da Renee Engeln como dica de leitura hoje porque, na semana passada, a Naomi Wolf, autora de O …