Está rolando nesse fim de semana em São Francisco o festival Eat Drink SF (24-26 de agosto) um evento que acontece há dez anos e reúne tudo que é comida e bebida boa que existe por aqui. São mais de 150 restaurantes, além de chefs premiados e produtores locais expondo seu trabalho.
Eu confesso que sinto um pouco de preguiça desses eventos porque nunca vi o Marmiteira como um site de gastronomia, mas sim, um lugar onde gosto de falar de estilo de vida, comportamento, alimentação e saúde de um modo geral. E comer engloba tudo isso!
Esse tipo de evento tende a ter uma pegada mais “gourmet”, afinal, os participantes querem mostrar toda a boniteza que eles são capazes de produzir. Mas também é uma ótima oportunidade para ver o que é tendência na área de alimentação e se inspirar com a relação que a Califórnia tem com a comida.
O termo farm to table faz bastante sentido por aqui.
E também tem um baita background por trás da cultura alimentar – que não tem necessariamente a ver com o alimento em si, mas com o planeta. Isso ficou bem claro no evento e eu vou tentar resumir os principais pontos.
O que o mundo poderia aprender com São Francisco
O Eat Drink SF reflete bastante do que vejo quando vou aos mercados, feiras e grande parte dos restaurantes por aqui. Existe uma valorização muito grande dos produtores locais, das iniciativas sustentáveis, da comida fresca, direto da fazenda, orgânica.
A preocupação com reciclagem também é evidente. Claro que em um evento desse porte é impossível evitar certo desperdício de comida, mas existe um esforço em minimizar os danos com relação aos materiais utilizados.
A comida era servida em recipientes feitos de papel ou bambu (um material bastante utilizado pelos caterings daqui) e, as bebidas, em copos feitos com resina de milho (exceto vinho e cerveja, que eram servidos em taças).
Além disso, parte da renda do evento é revertida para uma iniciativa muito bacana, que é a Cuesa (Center for Urban Education about Sustainable Agriculture), uma organização sem fins lucrativos que incentiva um sistema alimentar sustentável junto a agricultores e consumidores, por meio de vários programas educacionais.
Enfim, gostei de todas essas iniciativas e acho que elas poderiam inspirar outras cidades, até mesmo dentro dos Estados Unidos, que ainda estão patinando quando o assunto é sustentabilidade e consumo consciente.
Trends e drinks
O Eat Drink SF também é um paraíso para os amantes de bebidas em geral, pois vários estandes preparam drinques e apresentam bebidas variadas.
Vinho, então, nem se fala. A Califórnia sabe fazer direitinho, viu.
E se você quer trends, Eat Drink SF tem também! Destaco as opções vegetarianas, que tem de monte por aqui. Como essa foto abaixo, que é um salgado recheado com uma carne que… não é carne! Feita pela Impossible Foods, uma start up que inventou uma fórmula secreta que engana direitinho.
Outra coisa que está bombando por aqui é o kombutcha. No Brasil tá essa febre também? Esse aqui é da Brew Dr. Kombucha.
E as komida?
Na cozinha, eu gosto de simplicidade. Mas é fato que gastronomia é arte! Vi coisas no Eat Drink SF que realmente mereciam estar numa exposição, como isso aqui:
Era com caviar (algo que não compreendo), mas o que me chamou atenção mesmo foi a base. Olha o trabalho manual que foi empenhado nisso. O chef fez questão de me dizer que a massa era gluten free, à base de arroz e batata, mas o que me impressionou mesmo foi a textura: derretia na boca.
Como todo evento, também tinha uma área VIP (zzzzz). Tinha foie gras (algo que não compreendo), alguns vinhos deliciosos, carnes, mais caviar (???) e uma mesa de chocolate absolutamente maravilhosa, que até pra mim, que não sou chocólatra, foi impossível não voltar pelo menos umas 3 vezes.
Também tinha um estande da Stella que gravava o seu nome na taça de cerveja, e foi nessa hora que eu vi vantagem de estar na área VIP.
Tá, mas e na prática?
Eu estaria mentindo se dissesse que não gosto de coisas refinadas. Quem não curte? E, modéstia à parte, tenho boas referências. Graças à minha profissão de jornalista tive a oportunidade de comer muita coisa por aí que eu não teria coragem/condição de pagar.
Mas AMAR, amar MESMO, eu amo as coisas mais simples, mais “vida real”. Sabe? Com identidade e sabor. Eu que fui criada à base de arroz, feijão, carne moída e quiabo, não acho que um prato precisa de ingredientes caros para ser maravilhoso. Claro que é gostoso comer coisas raras e exóticas, isso tem o seu valor. Mas no dia-a-dia, dá para ser feliz com pouco.
Então, quando eu vejo algo que me inspira, eu tento imaginar na minha realidade. Por exemplo: Uma mesa de queijo caprichada.
Isso a gente consegue fazer, independente do budget. Se é começo do mês, salarião recém-caído, dá para comprar queijos mais caros, presunto de Parma e nozes pecan.
Fim do mês? Vamos para uma mesa mais básica, com queijos mais baratos (o parmesão é um dos queijos que mais amo na vida é também é dos mais acessíveis). Com outros frios, pães e muitas frutas! Uvas, figos e damascos combinam super. E decorar com flores fica mais lindão ainda!
Também adoro me deparar com pratos que eu conseguiria fazer em casa, como a comida do Barcino, que foi disparado a coisa mais gostosa que comi na feira. E era almôndega com feijão. Só isso: almôndega. Feijão.
Outra coisa que é bastante adorada pelos californianos é o tal do pulled pork, que nada mais é do que carne de porco desfiada. Não temos muito o costume de comer porco dessa forma no Brasil, mas é bem gostoso e acho uma baita dica para quem é marmiteiro!
Porque carne desfiada costuma render e dá para fazer numa tacada só e congelar em porções menores. #fikdik Eu já fiz por aqui, usei lombinho e ficou bem bom!
Para finalizar, vai uma sessão de coisas simples e extremamente saborosas que provei por lá. Espero que te inspire a procurar as coisas deliciosas e simples que existem na sua cidade! 😉
Para mais informações sobre o Eat Drink SF, visite o site do evento.