All posts filed under: comportamento

Mãos de uma equipe diversa colaborando em brainstorming, organizando post-its coloridos com ideias em uma mesa de trabalho.

Diversidade, curiosidade e imagem corporativa: como cultivar pensamento crítico pode transformar as empresas

Recentemente, vi uma entrevista da Ana Maria Gonçalves e do Lázaro Ramos no Fantástico, em que eles falaram sobre a importância de escritores negros conquistarem cada vez mais espaço na literatura brasileira. Ana Maria é a primeira autora negra a ocupar uma cadeira na ABL. Esse avanço deixa claro: quando a diversidade é parte real da cultura, ela transforma a forma como enxergamos o mundo e as possibilidades ao nosso redor. Como esse tema é um dos pilares do Além do Like, sigo pesquisando e mostrando o quanto questionar padrões (dentro e fora das redes) é essencial para repensar nossa imagem, nossas relações e até a forma como as empresas se posicionam. Afinal, enxergar o mundo por outros ângulos é o primeiro passo para qualquer transformação, seja ela pessoal, social ou corporativa. Pequenos passos, grandes impactos: diversidade e curiosidade no ambiente corporativo Avançamos muito nessas pautas na última década, mas também houve retrocessos. Em 2025, várias empresas suspenderam seus programas de diversidade, incluindo gigantes como Meta, Disney, McDonald’s, Boeing, Ford e outras. Um fato curioso …

Montagem com diferentes personagens femininas do remake de Vale Tudo, representando estereótipos e transformações na forma como as mulheres são retratadas na mídia. Arte criada por Dani Barg.

As mulheres de Vale Tudo e o poder de desafiar estereótipos

Seja você noveleiro ou não, a pergunta da semana no Brasil atinge até quem está fora do País (incluindo eu!): afinal, quem matou Odete Roitman? O remake de Vale Tudo deu o que falar, não apenas pelo mistério central, mas também pelas representações femininas na TV brasileira, que mostram mulheres desafiando estereótipos e conquistando protagonismo. As polêmicas em torno da adaptação do roteiro foram muitas. Parte porque foi modificado demais; parte por conta de pequenos e grandes furos aqui e ali.  Não sou comentarista de TV, mas eu sou noveleira! E nem o fato de morar fora do Brasil me fez perder essa mania, então, sim, também estou curiosa pra saber quem matou Odete. Dito isso, adianto que esse texto não é para falar das minhas apostas, nem para fazer uma análise crítica da obra.  Hoje eu quero falar de algo que me interessa muito e que está super presente no meu livro, o Além do Like, e nas minhas palestras. Bora conversar sobre as representações da mulher na mídia? Mulheres negras no poder: manda …

Criança sorrindo enquanto aprende com um tablet, representando o uso responsável da inteligência artificial na educação.

Entre o medo e a esperança: o que a IA pode nos ensinar sobre ser humanos

No último fim de semana, participei de um workshop da KQED para professores da Bay Area: Centering Student Voice in a GenAI World. O evento era voltado à educação midiática e ao uso responsável da inteligência artificial em sala de aula. Ok, eu não sou professora (sou escritora e jornalista), mas a equipe organizadora gentilmente aceitou minha inscrição. Fiquei feliz e grata, e lá fui eu para um sábado inteirinho de estudos e reflexões. Mesmo sendo a única da sala que não atua em ambiente escolar, me senti em casa. Ali, todos estavam interessados em um objetivo comum: entender como criar senso crítico em tempos de algoritmos cada vez mais sofisticados. Foi entre educadores e pessoas que pesquisam esses temas há tanto tempo que me peguei pensando: se a inteligência artificial está redesenhando e refinando ainda mais o que consumimos digitalmente, será que nossa relação com as redes sociais vai piorar? É provável que sim, se não investirmos mais intensamente em educação midiática. Mas eu sou uma otimista. Formar senso crítico: a hora é agora …

Mãos segurando livros durante um momento de leitura coletiva, conceito inspirado nos clubes do livro silenciosos

Conexão real fora das telas: o que aprendi em um clube do livro silencioso

Outro dia, um post no Instagram chamou minha atenção. Na foto, várias pessoas sentadas num parque, cada uma com um livrinho na mão, lendo. Era um clube do livro silencioso. Achei a ideia tão interessante! Depois que vi esse post e curti, comecei a receber mais iniciativas como essa no meu feed — o algoritmo nos conhece como ninguém! — e, para minha surpresa, existe um clube do livro silencioso em São Francisco, onde eu moro. Me inscrevi e lá fui eu. A única exigência? Leve o livro que está lendo. Cheguei ao local, um bar aconchegante dentro de um hotel perto de Downtown. Apesar de eu ter sido pontual, as mesas já estavam ocupadas. Ao contrário do que eu esperava, o silêncio não predominava: as pessoas estavam conversando de forma descontraída. Clube do livro silencioso: como é que é isso? Logo que todos se acomodaram, a mediadora pediu que montássemos pequenos grupos para discutir rapidamente sobre o que cada um estava lendo e suas preferências. Conversei com uma das participantes, uma russa cuja preferência …

Pressão estética e superficialidade são marca das redes sociais atualmente

Desinfluencie-se: como escapar da pressão estética e da superficialidade nas redes sociais

Após alguns dias fora para uma viagem profissional, meu marido voltou para casa. Sentados à mesa de jantar, conversamos sobre a semana. Falei do trabalho, das coisas que fiz, dos filmes que assisti e das fofocas mais recentes do Brasil — ele não acompanha muito as redes, então sou eu quem sempre o atualiza sobre os memes e novidades. Durante a conversa, ele me fez uma pergunta inesperada:— Você não acha que está se sentindo muita raiva? A pergunta me pegou de surpresa. De fato, eu havia pronunciado a palavra “raiva” quatro vezes naquela conversa. Mas, ao refletir, percebi que muitos dos incômodos que compartilhei com ele tinham uma origem comum: as redes sociais. O fascínio e a frustração da “vida perfeita” online Não é segredo que as redes sociais podem mexer com nossas emoções. E não é por acaso que escrevi um livro sobre isso. Sempre me impressionou o contraste entre a realidade e a narrativa que se constrói online. E aqui não estou falando só de influencers: conheço uma centena de pessoas “comuns”, …

Celulares nas escolas: por que repensar seu uso é importante? 

Você tem ideia do quanto as redes sociais impactam a sua autoimagem? Não apenas sua relação com o espelho, mas a saúde mental como um todo? Atualmente, discute-se no Estado de São Paulo um projeto de lei que busca restringir o uso de celulares por estudantes tanto em instituições públicas quanto privadas. Se aprovada, essa medida irá sinalizar uma mudança social importante.  Afinal, se o uso dos celulares afeta nós, adultos, tente imaginar as consequências geradas na cabeça de crianças e, sobretudo, adolescentes. Redes sociais e a autoimagem dos jovens: uma batalha desafiadora A fase da adolescência é marcada por insegurança e busca por validação social, e isso é potencializado pelas redes sociais.  Sem dúvida, a busca por “likes” e comentários positivos é uma armadilha que tem feito muitos adolescentes, sobretudo as meninas, a odiarem o próprio corpo desde muito cedo. Veja, por exemplo, um pequeno trecho de um depoimento presente no meu livro: “Parte da minha adolescência foi regada pelo Instagram e, com isso, uma imagem de perfeição inexistente criou-se. Aos 15, tive problemas …

crianças sentem a pressão estética cada vez mais cedo, o que afeta a imagem corporal infantil

Da inocência à insegurança: como a pressão estética afeta a imagem corporal das crianças

Você já imaginou como seria o mundo se as crianças mantivessem a mesma confiança em seus corpos ao longo da vida, sem se deixarem levar pela pressão estética? Ainda que, muito cedo, a gente já comece a ter referências externas do que é considerado “bonito” ou “feio”, ninguém nasce com essas paranóias ligadas ao corpo.  Esse é um tema central para quem, como eu, se interessa por estudar como a pressão estética entra nas nossas vidas e abala nossa autoestima. E por isso reassisti um vídeo que eu não via faz tempo, mas que, em partes, continua atual.  O que você mudaria no seu corpo? No vídeo em questão, entrevistadores reuniram 50 pessoas, entre adultos e crianças, para fazer uma simples pergunta: “se você pudesse mudar uma coisa no seu corpo, o que seria”?  As entrevistas são feitas individualmente, e as respostas revelam a inocência de quem ainda não foi afetado pelos padrões de beleza. Enquanto os adultos listam uma série de coisas que mudariam, como a altura, o tamanho da testa, das orelhas, ou …

redes sociais e saúde mental: tá todo mundo fingindo felicidade no Instagram?

Redes sociais e saúde mental: tá todo mundo fingindo que tá bem?

Hoje eu li uma matéria muito interessante na The Atlantic sobre a saúde mental das adolescentes americanas. Segundo uma pesquisa, o sentimento de tristeza e falta de esperança passou de 36% para 57% nos últimos dez anos, com uma piora expressiva durante a pandemia.  Ironicamente, foi “graças” ao período de confinamento que o tema saúde mental passou a ser tratado com mais seriedade, com a ampliação de serviços, informações e conscientização nessa área.  As redes sociais frequentemente são apontadas como grandes gatilhos da ansiedade e depressão. Em parte, porque elas nos isolam do contato presencial. Ao mesmo tempo, elas nos expõem ao pior do ser humano, segundo essa mesma matéria:  ” In life, treating minor problems as catastrophes is a straight path to misery—but online, the most catastrophic headlines get the most attention. In life, nurturing anger produces conflict with friends and family; online, it’s an excellent way to build an audience. (Na vida, tratar problemas menores como catástrofes é um caminho direto para a miséria – mas online, as manchetes mais catastróficas recebem mais …

Escreva o livro que você gostaria de ler

As mulheres estão insatisfeitas diante do espelho. É a celulite, a barriga que está muito flácida, a pele, o cabelo. Parece que não somos suficientes diante da “perfeição” das redes sociais. Eu também estive (e às vezes, ainda estou) insatisfeita com a minha imagem. É aquela coisa: quando você consegue emagrecer os tais dos dois quilinhos que estavam sobrando, logo caça outra “imperfeição” para encarar diante do espelho. Mas de onde vem essa insatisfação? Quem nos fez acreditar que há algo de errado com nosso corpo? Por que nunca está bom? Eu fiz essas perguntas a mim mesma por muitos anos, mesmo sendo uma mulher que se encaixa no padrão de beleza atual. Li muitos livros a respeito destes temas, vi documentários, filmes, palestras; ouvi podcasts. Uma coisa que eu notava em comum em todos esses conteúdos é que as raizes da pressão estética sofrida pela mulher já estão muito bem estudadas e fundamentadas. Mas ainda pouco se fala das consequências e, sobretudo, sobre o que a gente pode fazer pra tentar ressignificar a nossa …

Desperdício de alimentos: uma verdade indigesta

O Brasil enfrenta uma enorme crise de insegurança alimentar e muita gente se viu forçada a mudar seus hábitos por questões econômicas. A pandemia piorou muito este quadro, por conta do cenário econômico, e é triste pensar que tanta gente não sabe se vai conseguir garantir uma única refeição ao longo do dia. São 19 milhões de brasileiros lidando com a fome atualmente. Ao mesmo tempo, estamos jogando muita comida fora. O Índice de Desperdício de Alimentos 2021 da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado no último mês de março, indica que em 2019 foram desperdiçados cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos, o que corresponde a 17% do que estava disponível para consumo.  É claro que não somos os únicos culpados, esse índice também inclui restaurantes, comércio varejista e outros serviços alimentares. Mas o que cada um faz individualmente na sua casinha também conta – e muito. E eu imagino que muita gente nem se dá conta do impacto que suas escolhas individuais têm no todo.  É compreensível: não existe uma conscientização muito …