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Conexão real fora das telas: o que aprendi em um clube do livro silencioso

Mãos segurando livros durante um momento de leitura coletiva, conceito inspirado nos clubes do livro silenciosos

Outro dia, um post no Instagram chamou minha atenção. Na foto, várias pessoas sentadas num parque, cada uma com um livrinho na mão, lendo. Era um clube do livro silencioso. Achei a ideia tão interessante!

Depois que vi esse post e curti, comecei a receber mais iniciativas como essa no meu feed — o algoritmo nos conhece como ninguém! — e, para minha surpresa, existe um clube do livro silencioso em São Francisco, onde eu moro. Me inscrevi e lá fui eu. A única exigência? Leve o livro que está lendo.

Cheguei ao local, um bar aconchegante dentro de um hotel perto de Downtown. Apesar de eu ter sido pontual, as mesas já estavam ocupadas. Ao contrário do que eu esperava, o silêncio não predominava: as pessoas estavam conversando de forma descontraída.

Clube do livro silencioso: como é que é isso?

Logo que todos se acomodaram, a mediadora pediu que montássemos pequenos grupos para discutir rapidamente sobre o que cada um estava lendo e suas preferências.

Conversei com uma das participantes, uma russa cuja preferência de leitura — assim como a minha — é a área de Psicologia. “Que feliz coincidência”, pensei.

Quando a mediadora anunciou que a hora da leitura ia começar, todo mundo se voltou para seus livros. Sentados juntos, mas cada um imerso na própria leitura; e passamos uma hora inteira assim.

Curiosamente, a mediadora não pediu que ninguém guardasse o celular, mas ainda assim vi pouquíssimas pessoas mexendo nele. A maioria realmente ficou focada em sua leitura — longe das telas.

Solidão moderna e leitura coletiva

Interessante notar que o livro que eu estava lendo era The Lonely Century (no Brasil: O Século da Solidão), da economista e escritora britânica Noreena Hertz.

Nele, a autora mostra que vivemos a era mais solitária da história e explora como as redes sociais, o individualismo e o isolamento provocado pelo Covid-19 contribuíram para esse cenário. O que me leva a crer que as pessoas estão buscando cada vez mais espaços como esse clube do livro silencioso em que eu estava inserida.

Um dado interessante citado no livro: uma pesquisa mostra que estranhos sorriem menos uns para os outros na presença de um smartphone. Ou seja, o simples fato de ter um celular à vista já muda nosso comportamento desde os pequenos detalhes.

Assim como busquei incentivar no meu livro, o Além do Like, a autora nos convida a repensar nossa relação com as redes. Não se trata de demonizar a tecnologia, mas de entender como ela molda silenciosamente nossas relações e até nossa autoestima.

Sobretudo, como podemos nos conectar com a vida real sem abrir mão da tecnologia — afinal, este é um caminho sem volta.

Selfies, likes e aprovação social

Logo nas primeiras páginas, Hertz provoca:

“Pense na última vez que tirou uma selfie. Você estava realmente olhando para si, ou tentando imaginar como os outros enxergariam sua foto?”

Essa frase me fez refletir também sobre minha experiência no clube do livro silencioso. Saí de lá sem registrar uma única foto. Quando todos ao seu redor estão imersos no presente, fica mais fácil se conectar com o momento em vez de se preocupar com o que vai postar depois.

Pertencimento real além das telas

Participar de um clube do livro silencioso me fez perceber que, mesmo em tempos de hiperconexão digital, seguimos buscando pertencimento real. Essa experiência foi um lembrete de que precisamos de conexão humana para além das telas.

Se você anda lutando contra o hábito de rolar o feed por horas, procure atividades que resgatem sua presença no mundo offline. Ler pode ser um primeiro passo poderoso nessa jornada de equilíbrio.

Para quem se interessa por como as redes sociais moldam nossa imagem corporal, nossas relações e nossa forma de nos enxergar, este é um convite para conhecer o Além do Like

Estamos todos aprendendo a lidar com os desafios impostos pelas mudanças tecnológicas; a parte boa é que sempre podemos buscar caminhos mais humanos de conexão — com os outros e com nós mesmos.

Capa do livro Além do Like, escrito por Danielle Barg, com fundo laranja e título em letras garrafais
O Além do Like agora é da Editora Senac e também está disponível em versão digital!

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